Desde quando comecei a trabalhar na saúde da família notei uma diferença gritante entre o atendimento dado à mulher e ao homem.
Naturalmente há muito mais atenção à mulher do que ao homem.
Notamos que em um dia normal de trabalho comparece ao Posto muito mais mulheres e crianças do que homens. Em atividade há vários programas com melhor adesão das mulheres do que dos homens.
Temos a vacinação das crianças que são levadas pelas mães; Programa de Planejamento familiar; Pré-natal; Puericultura; Programa de diabetes e hipertensão; Vários grupos também com participação maciça das mulheres. Parece que seja uma questão cultural onde apresenta o homem com o ser forte, destemido, viril e preocupado com a família. Se ele se sente e também é visto como um ser forte, ele se vê indestrutível. Com isso não precisa ir ao médico já que “não está sentindo nada”.
O atendimento ao homem também é simplificado nas unidades de saúde. O atendimento é medicamentoso. Não é visto na sua integralidade. O homem não é só corpo. Ele tem alma, medo, expectativas, preocupações. Isto não é visto e nem explorado durante uma consulta médica. Se ele está com a pressão arterial ou a glicemia elevada, aumenta-se a medicação. Por outro lado o homem não demonstra suas emoções. Culturalmente seria uma fraqueza. A equipe de saúde não leva em consideração seu estado emocional.
A mulher é mais bem acolhida. A mulher se preocupa mais com sua saúde e com a saúde de sua prole.
No caso das enfermidades de cunho sexual a mulher é vista integralmente e tratada no Posto. Elas falam com mais liberdade sobre sua sexualidade. Para os homens isto ainda é um tabu. Na consulta normal, onde a queixa no campo da sexualidade é abordada ainda é com parcimônia, em voz baixa, olhar desviado.
Outra desculpa para o não comparecimento ao Posto é a “falta de Tempo”.
Não vemos, com frequência, os homens comparecerem ao Posto para pegar preservativos. Isto é feito sem cerimônia por suas companheiras e temos por pressuposto que eles não têm dúvidas quanto o uso tanto dos preservativos masculino e ou feminino.
Para as mulheres temos muitas atividades, para os homens, poucas ou nenhuma.
Sabemos que a maioria das doenças crônicas são silenciosas. Por isto estamos tomando como estratégia a mobilização das esposas e companheiras para a importância de trazerem seus companheiros ao Posto para um exame de rotina, mostrando os riscos que circundam seus amados.
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